Editorial: Princesinha do Sul, qual é o seu real valor?

Por Emenson Silva

“Na orla marítima

do sul da Bahia,

a Latitude Sul 140º 47’ 55”

A Longitude Oeste a Greenwich 39º02’01”

emerge das águas

uma cidade encantada.

Brindaram-na com o título

de Princesinha do Sul.

Chama-se também,

pela especialidade de sua riqueza,

Capital do Cacau.

Ilhéus, é seu próprio nome”.

 

Ao me lembrar desses versos encantados de Dom Caetano A. De Lima dos Santos, fiquei aqui pensando, Ilhéus é muito importante para mim, para tantos que aqui estão e outros que a amam de longe. Mas, e no jogo político, esse encanto persiste? Qual é o tamanho de Ilhéus na disputa pelo governo da Bahia, em 2026?

 

Queria que você fizesse comigo essa reflexão, pois, a partir dela, vamos conseguir vislumbrar um pouco mais do que poderá ser do nosso futuro nestes próximos dois anos. É sabido que o prefeito eleito, Valderico Júnior, vai governar Ilhéus tendo que conviver com a má vontade do governo do estado. Dizem que se alguns deles fizeram o que fizeram com que caminhou todo tempo junto, imagina com quem sempre foi oposição a Jerônimo, Lula e companhia?

 

Como já disse em editoriais anteriores, acredito ser muito difícil o trânsito de Júnior tanto em Salvador junto ao Governo Jeronimo quanto em Brasília e, ele vai depender desse trânsito para que obras muito significativas que estão acontecendo em Ilhéus – tudo bem, era para estar acontecendo –, caminhem ou retomem, como o Canal do Malhado, a requalificação da Orla Sul, obras na Zona Norte e assim por diante. Além de projetos que precisam da anuência do governo federal: as obras de recuperação de encostas e macrodrenagem, por exemplo, que vêm pelo PAC Seleções, programa do governo federal, comecem em Ilhéus.

 

E não para por aí não, Ilhéus depende das máquinas estadual e federal para, inclusive, cumprir a folha da Prefeitura. A arrecadação municipal passa pelas parcerias firmadas com os governos petistas, desde os primeiros anos da gestão Marão e, não será diferente de um dia para o outro.

 

Será que o prefeito eleito vai terá o poder de articulação e uma experiência política que não teve nenhuma oportunidade de demonstrar até agora, mesmo correndo o risco de mais portas fechadas que abertas?

 

Agora, tem um outro lado – que também não é favorável ao prefeito eleito não –, o PT pode muito bem, usar dessas obras, como um grande palanque eleitoral para conseguir recuperar o prestígio e popularidade da dupla JeroLula, para, enfim, conseguir alcançar o sucesso nas urnas, que não conseguiu até então. Será que o prefeito de Ilhéus será “Jeronimo” ?

 

Como já disse em algum texto anterior, Valderico pode até fazer os dois últimos anos de administração muito bons, caso ACM Neto tenha sucesso nas urnas. Agora, se Jerônimo conseguir recuperar a sua popularidade (que anda bem ruim no momento) ou, Rui voltar como salvador da pátria vermelha e o Partido dos Trabalhistas manter-se no poder, aí Juninho, vai ficar beeeem complicado para você, viu?

 

“Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”, é assim que está a situação do futuro prefeito, Valderico Júnior, principalmente nos dois primeiros anos de governo. Se os governos estadual e federal virarem as costas para eles e para toda a população ilheense, aí teremos momentos de abandono completo em Ilhéus. Agora, se o PT resolver adotar o município e fazer política através das tantas obras de responsabilidade do governo estadual, principalmente, aí, o governo do estado vai nos abraçar, mas tudo que for feito por aqui, não será de Júnior, mas sim, “um presente” de Jerônimo, de Lula e até de Marão (se continuar na base do governo, como tem sinalizado) para angariar votos ilheenses em 26. Então, como dizia a minha avó, Juninho, você vai precisar de muita canja de galinha para poder sair vitorioso nesta queda de braço e qualquer outra.

 

E a derrota nesta briga vai significar uma população impaciente e insatisfeita, o que afeta qualquer governo, principalmente quando ainda se falta traquejo político, jogo de cintura para encarar o jogo do poder. Ainda mais que em Ilhéus, se formos parar para pensar, não foi Júnior o grande vencedor. A população queria que a base saísse vitoriosa e estivesse UNIDA. Fazendo contas rápidas aqui, Valderico teve 41.567 votos; já Adélia (38.928 votos) e Bento (15.646 votos). Ou seja, a população de Ilhéus escolheu a base de Lula e Jerônimo, com 54.574 votos ou 56,76% dos votos válidos.

 

Valderico foi eleito por erros de rota, acidentes de percurso e, por isso mesmo, a população pode não ter tanta paciência assim para a sua inexperiência administrativa ( ainda ) ou, sua falta de poder de articulação político . Mas, tem muita água para passar por debaixo dessa ponte. Estarei aqui, de olho em tudo. E, que a Princesinha do Sul tenha seus caminhos abertos! E que o governo eleito tem pudor e força para seguir .

COMPARTILHE!